sexta-feira, maio 18, 2007

Assim não dá! Vou tentar o assado


Antigamente era raridade ter que preencher meus dias com coisas bobas como filmes, internet, minha cama e alguns livros.

Eu chegava em casa, colocava minha música pra tocar e esvaziava minha alma que vivia cheia de boas histórias.

Passar o tempo era simples.

Uma caixa antiga que se abrisse revelando meus segredos de infância e...PRONTO!

Ver as horas indo embora era inevitável...

Ficava a reparar cada detalhe do que havia se passado, pensando em quantas pessoas tiveram estado em minha vida até então.

Imaginava pra onde teriam ido aquelas figuras, o que estariam fazendo da vida.

Por vezes até matei alguns (...) "Hum, fulano vivia doente, já deve ter ido..." E balançava a cabeça negativamente, em sinal de respeito pelo amigo perdido.

Criei histórias particulares e pessoais sobre cada uma daquelas pessoas.

Quem me trouxe essa lembrança de volta, foi o senhor MARIO PRATA, cujo livro: "Minhas mulheres e meus homens" terminei a pouco de ler.

O malandro teve a ótima idéia de pegar a lista telefônica e escrever as situações que tinha vivido com cada nome dali, de A a Z.

Me sentindo traída e enganada, por já fazer isso a anos, apesar de criar as histórias á meu gosto, resolvi tentar fazer a mesma coisa.

Com um tapa na testa me lembrei de algo: "Putz, eu NUNCA pego o telefone das pessoas e, ou apago.

Como daria muito trabalho lembrar de cada um deles usando o motorzinho da memória desgastada, deixei pra lá.

E depois, minhas histórias interessariam a quem??

Não havia Chicos, Toquinhos e nem Marilias Gabrielas na minha vida...!

Andei me pegando emburrecida essa semana!!

É, emburrecida mesmo. Sentindo saudade de quando enfrentaria sem medo um livro do Sartre.

Quando me restava um pouco de mim, eu devia mesmo ter ido até o fundo da garrafa.

Ter lido mais, ter fugido mais, ter bebido mais, e fumado mais.

Sei que todo mundo deve ter se lembrado de Epitáfio, e portanto, constatando que ainda estou viva, devem ter se perguntado por esse exagero.

Mas é que esse tempo "maduro-imaturo", passa.

De repente a gente se vê tendo uma familia pra cuidar, uma filha pra criar e esse devaneio revolucionário e idéias utópicas acabam ficando pra trás.

Tornam-se resquícios de uma juventude vivida na pressa, precoce, tendo em vista os meus (ainda) 18 anos.

O fato, é que eu cresci sem esperar o mundo crescer comigo.

Meus amigos ficaram ultrapassados e infantis rápido demais.

Não há sequer uma viva alma que bata na minha porta ou faça total questão de minha companhia.

Alguns fantasmas do passado fazem questão de aparecer de supetão, mas não acho graça em seus intentos.

Digo amigos, porque irmã eu encontrei uma ao longo do percurso.

Tão chata e velha quanto eu.

Guardadas pra si, esperando por um propósito maior que reconhecemos como capaz de não acontecer.

Portanto, é do zero que vou recomeçar a aprender a viver.

Deixar pra trás a minha caixinha de lembranças...

Levo na minha caminhada uma semente, que engorda 45 gr por dia e se chama Sophia, uma amiga fudida, e aquela vontadezona no peito.

Aquela vontadezona, aquela de ser FELIZ!!

Só faço questão dessas poucas coisas.

Pra quem quiser acompanhar, só se pede que tenha o desejo de SER.


Por que tá decidido, não vim pra existir.

Eu tenho meus sonhos e apesar de esmaecidos, são inevitavelmente indispensáveis e insensatos- diga-se de passagem- mas são meus e são reais!


PS: O retorno do batman praticamente né?? depois de uma porção de dias dentro de casa, trancada sem ver o sol, o que resta são papéis e a esperança de que o tempo vai passar bem rápido ;P