quinta-feira, dezembro 08, 2011

As pessoas vivem de explicações, na luta por uma auto-redenção que as permita continuar a ser malvadas com o intuito cego de "acertar" escondido no fundo do olho negro e dos panos que tapam suas platéias vazias.

Semi-bonecos de corda, controlados por ainda outras cordas, que precedem cordas, e cordas, mais cordas. Sempre cordas, que não terminam e se desenrolam numa grande teia de sistêmica obediência civil.

E os sentimentos, cordas. Empurrando seus bonecos para 1, amor. Corda nata. Corda bamba, corda morta. O tempo destrinchando a corda quando 2 medo. Corda do resgate. Reune a corda do amor para que a unificação seja também contenção. Não se rebelem. Corda 3 grita. O grito se ouve, mas não se vê. Consciência tem nome. É corda.

Antes não houvesse nada. Por que quando se é nada, não há lá nenhuma coisa. E sem coisa, corda zero, corda nenhuma. A gente vai pra frente porque experimenta descobrir a frente que é atrás de todas as outras coisas que não vemos enquanto olhamos para um só lado. Da vida, das cordas, do mundo. Dos bonecos sem cabeça rodando 360º em volta de suas próprias idéias de felicidade. Que aliás, corda 5. E lá vai. Amarrando, costurando, tecendo um universo de enfermidades que levam. Me levam. Pra onde nunca quero ir tão só e sick.

segunda-feira, novembro 21, 2011

Foi com uma inocencia forjada que a vida me deu as informações que eu não quis ver.
A vida parcela as verdades para cobrar com juros a dívida de sonho.

Eu sonhei um mundo re-configurado. E agora, eu to pagando meu preço.

Depois que a porta deixa de ser um nada na parede, apenas uma madeira velha, que alguém pôs ali, sem motivo, coincidentemente, quase sem querer, pra se tornar uma possibilidade, uma visão única, diferente dos que passam ser ver. Dos que não ardem por janelas ou portas. Dos cegos urbanos, agarrados em suas verdades de 525 caracteres, daí eu pensei que não houvesse opção além de estar fora dos limites reais.

Estar além, a margem, pela borda. Não entrar nunca. Não participar. Não fazer parte.

Foi um pouco além do transbordamento. Um pouco além da rebeldia de farmácia. Além da música e além da literatura. Esses conformismos não me servem mais. São analgésicos podres. Parte da engrenagem. Mais sistêmicos do que o olho que tudo vê.
Estou ausente.

Agora entendo as escolhas que fiz. Me assusto. Me surpreendo. Mas afinal, me reconheço.

Eu tenho um termo agora. Eles finalmente me arrumaram um. E mais: Foi fácil como lavar as mãos na chuva.

Não há mais mistério. Não há mais sedução. No more joy, babe. No more fun.

domingo, julho 31, 2011

É sempre manhã e sempre "bom dia" pros padeiros que buzinam em minha rua com pão e corpos amornados pelo sol no pequeno bairro de Serra Grande.
Com os olhos ainda amolecidos e úmidos da noite sem sono, percebo o passar dos padeiros e não consigo dizer uma palavra sequer sobre a peregrinação matinal desses homens sempre felizes e sorridentes que enfeitam as manhãs invernais de minha varanda.

E eu só não digo nada porque nunca falo a essa hora, mas se alguma coisa saísse, cara, se eu pudesse dizer qualquer coisa que fosse, seria mais ou menos assim:

"- porra, cara, eu ainda não sei, mas se eu continuar mais uns dias sem saber, quero ser mesmo é como tu"

Aquela altura de minha vida, com 23 anos recém completos, já era fácil identificar burburinhos estigmáticos ao redor das festas familiares a respeito dos rumos e prumos pra minha vida desregrada e incomum. Eles tinham uns nomes esquisitos pro que eu chamava de lapso criativo.

Eu não sei se o que rareou foram os lapsos ou a paciência pra toda essa gente inútil em volta de mim. Só sei que de tanto gastar palavras pra explicar o que não se vê, fui ouvindo mais, calando mesmo. Guardando sorrisos e dispensando furadas.

Errado por errado, certo por certo, eu continuo no maravilhoso equilíbrio entre pequenos e longos surtos.
No meio disso tudo, as vezes, ainda encontro alguns padeiros sorridentes, a quem grunho meia dúzia de palavras incompreensíveis, mas que se fossem compreensíveis, seriam mais ou menos assim:
"filho da puta sorridente, vai vender pão na porra do deserto que o parta, como eu queria ser você, só por esse minuto feliz, entre o raiar da manhã e essa sombra distante dos coqueiros reluzentes que emolduram o bairro empoeirado dessa pequena cidade em que vivo, pro diabo com toda essa luz! E bom dia pra você também, seu padeiro"
Amém.
E aí o dia chega...Você ri, desdenha, duvida, aposta.
Mas chega.
Você acha que é fase, que volta, que passa, como elástico de criança e a música ecoando
- "Um hooomem bateu em minha porta. e eu. aaaabri."
Não, não é elástico. Não passa, não volta. É definitivo e relativo. É agora e aqui. É pra lá dos 8. São 23.
Cole Portman não é mais uma questão de bom gosto.
Paris já parece óbvio demais e todas as pessoas suddenly curtem Janis Joplin.
O jazz da Lapa formiga, entre outros de 23 e por que não até menos? Hoje tem-se o que não se tinha antes.
E você pensa: - "porra, sobrou o quê?"
Alguém me ajuda na resposta por que eu, ó. Já dormi e acordei uns 23 dias com 23 anos e até agora, a resposta flutua soltinha pelo céu nublado de agosto.
Lá vem o mundo dar chão pra quem não tem pés....