segunda-feira, julho 26, 2010




Por onde perdi?
A pergunta me segue, mas já não me recordo o que perdi, se perdi, ou a caminho de quê.
O que é?
Essa coisa que espeta, incomoda, entra fundo na alma, só pra me derramar fora. Mas eu não quero ir. Eu quero mais é ficar. Me deixem com as minhas coisinhas. Em paz. Em desespero. Desde que fique, desde que seja, desde que sou.
Só quero roer esse osso que resta, de tudo que era pra ter sido, agonizar em silêncio. Levantar e sorrir.
Tão criança, gargalhar. Tão, mas tão.
Colo. Isso... pegue, pegue no colo. Shhhh...Shhh... Não importa, é um bebê.
Bebê? Pára, não é isso que é.
Drama. Você diz drama e nada parece mais ser. Me aquieto. Escondo os olhos. Criatura acuada, quando reparo já estou. Arranho a parede. Arranco fora e guardo no armário. Se pensas isso, como posso lhe deixar ver?
E roda roda roda. Néctar escorrendo pelo corpo. Continua rodando. É pra cima que olha. Não há buraco. Só espelho. Mas espelho também é buraco e de repente, podia ser, podia ser. A idéia se acende. Apaga. Desiste. Se esconde no piso. Derrete. Não existe mais, não existe, não existe. Acredita, e porquê acredita, some.
Gosta. Sente o gosto vivo do poder de si que tem.
A rainha de todos eles.
“Uma ode a mim”. Brindo o cigarro.
Dorme e acorda assim.
É sina, maldição, destino.
Eu rio do destino porque a maldição e a sina me parecem tão mais ainda que eu.
E não são, não são.
Só eu, só. Só. Só.
E parar pra no meio do caminho pontuar os pontos. E não quero mais pontos, nem nada.
Os pontos soam tão. Não, nada de pontos. Sacudo os pontos do colo. Quem é que precisa disso afinal? O fim não é o que parece. Nada termina como deve começar. Essas coisas sempre juntas pelo final das outras...
O meio. Me restrinjo ao meio. O meio é a melhor parte. No meio o olho brilha. O meio é como redenção. Ah, sim. Isso sim. E em seguida constatar: Meu Deus. Me roubaram o meio. E pimba, lá se foi a luz. Lá se foi o ar.
Estava ali, onde foi parar? Rodo, rodo, rodo. Já não posso parar. Não há meio que me satisfaça. Respire, respire. O duplo osso da vida é função. Quando se chega, vai-se.
O que é? O que é? Essa coisa que espeta, incomoda, entra fundo na alma, só pra me derramar fora.

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